Minha cabeça está dolorida. Eu não sinto minhas pernas...! Na verdade, eu não consigo me mexer! Onde estou? Deus, eu não me lembro de nada... Como vim parar aqui? "Aqui" onde???! Que lugar é esse? Parece que estou jogado de qualquer jeito nesse chão... frio! Não consigo enxergar nada! Que escuridão é essa? Que é isso ali em cima? Parece um resquício de luz! Parece que vem de algum lugar ali em cima...Será que há alguma brecha no telhado? Será que eu conseguiria fugir por ali? Que isso? Ainda mais essa agora! Parece uma respiração! Sim, é uma respiração! Um tanto pesada, talvez! Tenho a impressão de que vem daqui do meu lado! Deus, meu! Eu não estou sozinho aqui!
E agora? O que eu faço? Será que essa ... pessoa veio parar aqui do mesmo jeito que eu? O que eu tô dizendo, meu Deus!, eu nem me lembro como vim parar aqui! E se foi... ele , sim, uma respiração pesada dessa não pode ser de uma mulher! Tem um cara caído aqui perto de mim! E se foi ele o responsável por eu estar aqui? Não, não pode ser! Será que eu posso confiar nele? Essa é a questão! Se eu pudesse ao menos gritar, mas estou me sentindo tão sem força! Eu preciso descansar mais um pouco! Mas como eu posso pensar em descansar? Eu tenho é que dá um jeito de sair daqui! Mas antes, eu preciso fechar só um pouquinho meus olhos...estou muito cansado agora!
Deus, eu acho que acabei dormindo! E agora, quanto tempo mais eu fiquei desacordado? Cadê a claridade que eu vi em cima, no teto? Será que é noite? Droga! eu perdi muito tempo! Eu acho que estou um pouquinho mais forte. Acho que, com algum esforço, eu consigo me levantar! E se eu gritasse? Pode ser que alguém possa me ouvir...não, quem quer que me deixou caído aqui, previu essa possibilidade. Com certeza estou num lugar afastado e isolado. De nada adiantaria eu gritar sem parar. Não serei ouvido! Do contrário, teriam me amordaçado! Não, não vou perder meu tempo gritando! Tenho que pensar em outa coisa!
Estou com sede e daqui a pouco a fome vai apertar! Tenho que me mexer e não vou perder mais tempo! Acho que posso me apoiar nessa parece aqui atrás! Consegui. Estou em pé! Agora eu preciso achar a porta! Se eu for tateando a parede assim, vou chegar a alguma porta ou a uma janela! Só mais um pouquinho e aí... merda! Que porra é essa? Tropecei em alguma coisa! Deus! Tinha me esquecido que tinha alguém aqui comigo! Será que está morto? Não estou mais escutando a respiração! Acho que eu vou sacudi-lo!
___ Ei, você ai? Está me ouvindo?
___ hummm!
___ Você consegue falar?
___ Que..quem é você? On...onde estou?
___ Acho que você foi trazido pra cá do mesmo jeito que eu, a força! Acordei aqui, como você! Não me lembro de nada! Parece que fomos dopados ou algo assim! Quando acordei, estava com uma dor de cabeça dos infernos! Não sei a quanto tempo estou aqui! Mas eu tinha ouvido a sua respiração e então, percebi que não tava sozinho!
___ Mas que Diabos significa isso? Ai, minha cabeça! Parece que vai explodir!
___ Eu não sei por quê ou quem nos deixou nessa situação, mas temos que sair daqui o quanto antes!
___ Espera aí! Por que Diabos eu confiaria em você? Quem me garante que não foi você que me colocou aqui?
___ Eu também poderia dizer a mesma coisa sobre você!
___ Isso não importa agora!
___ Pois é, Na situação em que nós estamos você só tem uma opção: confiar em mim!
___ Mas...que lugar é esse aqui, afinal?
___ Não tenho certeza...parece que é uma espécie de galpão ou algo parecido. Parece estar abandonado...
___ Como assim abandonado? Você não ouviu ou viu alguém?
___ Não vi ninguém! Vem cá, acho que estamos perdendo tempo demais! Temos que dá o fora daqui antes que eles voltem!
___ Como assim eles?Você sabe quem nos trouxe pra cá?
___ Claro que não! Só posso deduzir que foram homens e mais de um! Afinal, eu não seria facilmente arrastado pra cá!
___ Estou me sentindo um pouquinho melhor, acho que consigo andar...o que você sugere?
Que cara mais idiota! Será que não percebe que precisamos sair daqui de qualquer jeito? " O que você sugere?" Que imbecil!
___ O que eu sugiro? Vamos achar uma porta ou uma janela e juntos tentaremos forçar a saída! Mais cedo parece que vi um pouco de luz que vinha do teto aí em cima. Quem sabe há alguma espécie de claraboia. Se houver, podemos tentar sair por lá!
___ Sim, acho que é uma boa ideia. A propósito, meu nome é Ricardo Ramos e o seu?
___ Como assim, o meu?
___ O seu nome, qual seu nome?
E agora? Eu não consigo lembrar meu nome! Na verdade, eu não consigo me lembrar de nada!
___ M..meu nome é Pedro.
Por que eu disse Pedro? Por que esse nome me veio à cabeça?
Então, Seu Pedro, me ajude a levantar daqui! Como você mesmo disse, temos que agir rápido!
___ Claro, vamos!
Puxei o tal Ricardo Ramos com uma das mãos e começamos a caminhar seguindo a parede. Não demorou muito e tocamos em algo que parecia uma porta. procuramos o trinco. Encontramos e forçamos a abertura. Estava aberta! Isso não era possível! Algo não estava certo! Como assim? Mas não tínhamos tempo pra especulações, decidimos continuar e abrimos a porta.
II
Um corredor? Mas o que significa isso?
___ Pelo menos não está escuro! Disse o tal Ricardo.
___ E com várias portas...Será que estão abertas? Uma delas pode ser a nossa liberdade!
Havia pelo menos umas 6 portas, nos revesamos para tentar abri-las. Estavam todas fechadas, exceto a última no final do corredor.
___ Esta está aberta! Eu disse olhando para o incrédulo Ricardo Ramos.
___ Será? Por que esta estaria? Por que alguém "trancaria" duas pessoas num lugar escuro e com a porta aberta?
___ Eu acho que não é hora para discutirmos isso! Estou vendo que esta porta não esta trancada! Temos que sair daqui o quanto antes! Que importa agora se "eles" esqueceram uma porta aberta? Depois de sairmos daqui, poderemos especular o que quisermos e discutir o que for preciso! Agora, nós temos que abrir esta porta! Falei essa última frase com a mão no trinco e o que vimos nos surpreendeu e muito! Estávamos numa espécie de galpão aberto! Olhando para trás percebi que estávamos "presos" numa espécie de conjuntos de escritórios conjugados, separados por um estreito corredor pelo qual acabamos de passar.
___ Parece abandonado! Você não acha, Pedro?
___ Sim, com certeza! Não há nada aqui, nem ninguém! Estou vendo também que estamos no meio do nada!
___ Parece que estamos numa fazenda! O que estamos esperando? Vamos dá o fora daqui!
Saímos daquela espécie de galpão tão rápido quanto pudemos. Caminhamos durante mais ou menos uma hora e meia. Não encontramos ninguém pelo caminho. Não havia sinal também de nenhuma estrada, seja de terra ou de asfalto. Na verdade, não fazíamos ideia de onde estávamos!
De repente nos deparamos com algo que vou chamar aqui de abismo. Sim, pode-se chamar assim! Era uma espécie de uma encosta de uma montanha. No meio havia algo como uma fenda que media mais ou menos uns 30 metros de largura. E o fundo..., o fundo, por enquanto, não dava nem pra ver!
___ Agora o jeito é a gente contornar pelo outro lado! Eu disse isso olhando para o já muito assustado Ricardo Ramos.
___ Vem cá, Pedro, eu estive aqui pensando durante esse tempo em que caminhávamos e acho que comecei a me lembrar de algumas coisas...
___ Se lembrar?
___ Sim! Por exemplo, de repente por um momento. apenas por um momento, eu acho que me lembrei de quem me puxou para fora do carro em que eu estava...
___ E como ele era?
___ Assim como...você!
___ O que você quer dizer com isso?
___ Que agora eu me lembro do momento em que eu estava no meu carro. Um furgão preto atravessou no meio da pista e de dentro saíram quatro homens, um deles era você! Isso mesmo! um deles era você! Deus, eu estou me lembrando de tudo agora!
Eu não sei o que me aconteceu, mas nesse exato momento eu também comecei a me lembrar...Sim, havia um furgão preto e havia quatro homens... mas espera ai? Quem estava dentro do carro era eu! e agora, estou me lembrando que um dos homens...
___ Era você! Sim, Ricardo Ramos! Você vem com essa história de que você é a vítima, mas a vítima sou eu! Como um raio, a verdade passou agora pela minha cabeça! Eu que estava no carro! Eu é que fui levado! Era você que estava com aqueles homens!
___ Não vem confundir minha cabeça! Foi você, Pedro! Foi você que me puxou pelo braço! Foi você que me trouxe até aquele galpão abandonado!
___ Mentira! E por que eu também estaria lá junto com você! Meu carro! No meu carro, no porta-luvas, eu deixei minha carteira com meus documentos! Eu posso provar o que eu estou falando!
___ Eu não acredito em nenhuma palavra do que você está dizendo! Você é um grande mentiroso!
___ Não me chame de mentiroso, seu safado!
Nesse momento eu não pude me controlar e voei no pescoço daquele desgraçado! Quando percebi, estávamos rolando pelo chão e caímos direto em direção ao enorme buraco!
III
Caímos direto para o fundo do abismo! Naquele momento eu vi que minha vida iria chegar ao fim! Mas como tudo reserva uma surpresa no final, como que por um milagre, fui parado por alguns galhos e uma velha raiz de alguma árvore, que transpassou pela encosta...mas vi que não estava sozinho! Agarrado às minhas pernas estava Ricardo Ramos, um dos homens que me sequestrou! Sim, eu estava certo disso agora! Ricardo Ramos era um dos sequestradores! E agora ele estava aqui, lutando pela vida agarrado às minhas pernas!
___ Pedro, seu cretino! Você me sequestrou! Foi você que me trouxe até aquele lugar! O que você quer? Quanto você quer? Não ouse me soltar, seu desgraçado!
___ Por que eu devo segurar o homem que queria meu fim? Eu poderia muito bem deixar você cair lá embaixo!
Nesse momento eu lembrei de tudo! Em todos os detalhes! Eram quase 5 horas da tarde. Lembrei do furgão atravessando a pista. Dos quatro homens que saíram dele! Do momento em que abordamos Marcelo Ramos, o grande empresário, e o puxamos para dentro do furgão. Lembro que o drogamos e o lavamos para o galpão. Pedimos o resgate como de praxe! Esperamos dois dias! Mas o único irmão de Marcelo não quis pagar o resgate! Ameaçamos matá-lo, mas o desgraçado do irmão era mais ambicioso do nós mesmos! E disse que podíamos fazer o "serviço"! Seria uma mão na roda pra ele, que assim, poderia tomar conta de todo o patrimônio. E isso, ele já queria há um tempo! Eu então, fiquei responsável para executá-lo. Meus comparsas saíram para realizar outro serviço. Cheguei ao galpão. Abri a porta. Ricardo estava ainda desacordado. Tirei a mordaça e as cordas que o prendiam. Joguei-as pro alto. Nesse momento, as cordas bateram na lâmpada, quebrando-a. No escuro, tropecei em algo que estava no chão, caí e bati minha cabeça contra a parede. Apaguei. Sim, agora tava tudo explicado. Só me restava agora terminar o serviço! Num só impulso, apoiei-me com força num dos galhos acima de minha cabeça e com um simples empurrão com as pernas, deixei Marcelo Ramos cair abismo abaixo.
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