terça-feira, 29 de dezembro de 2020

A estrada

 Atenção! Esta não é uma história para crianças!



Um amigo me contou uma história muito interessante e curiosa. Um certo homem que estava muito triste e abatido, não aguentando mais a dor e a solidão que sentia, resolveu sair de casa e caminhar, mas não sabia para onde. Saiu num desespero muito grande e sem direção certa. Caminhou durante um bom tempo até que avistou uma estrada de terra. Sentando em cima de uma grande pedra, à beira da estrada estava um simpático velhinho. Pelo menos, é o que parecia!

___ Onde o Senhor vai com tanta pressa? Perguntou o velhinho.

___ Não sei! Pra algum lugar, por pressuposto! Mas não é da sua conta!

___ Claro, não queria te irritar mais que o Senhor já está! Poderia dá-lhe uma pequena sugestão? Vá pelo caminho da esquerda! É o mais curto! Mas ande um pouco mais devagar! Ha algumas pedras soltas!

O homem se assustou um pouco. Até aquele momento ele não tinha percebido que havia duas estradas. O velhinho estava na verdade, sentado entre as duas.

___ Pois bem! Vou fazer como o Senhor  pediu! Não tenho nada a perder!

E o homem continuou seu caminho, agora um pouco mais devagar. Após caminhar durante um tempo, foi percebendo algumas pedras soltas, como o velho havia dito. Quase tropeçou numa delas, mas como estava caminhando um pouco mais devagar, não caiu! Houve um momento que quase pensou em desistir e voltar, já que o tempo parecia escurecer. De repente avistou um homem que parecia estar parado logo à frente. Continuou andando até que se aproximou do tal homem, que estava todo de branco.

___ Desculpe-me, não queria assustá-lo! Para onde vai? Parece tão determinado!

___ Ando para espairecer, mais nada! Você é médico?

___ Por causa da roupa? Não, claro que não! Só achei que hoje cairia bem! 

___ Você sabe o que tem lá do outro lado? Está bem escuro por aqui!

___ Ah, sim! Um pouquinho mais pra frente fica bem mais claro! Há um lugar muito interessante por lá! Mas você deve ir um pouco mais devagar! Tenho certeza de que verá belas flores pelo caminho!

E o homem, diminuindo um pouco mais a velocidade dos passos, continuou a caminhar. Começou a observar que realmente o tempo parecia ter clareado. Conseguia ver algumas flores ao longo da estrada. Conseguia até sentir o perfume de algumas. Sentiu também, uma leve brisa tocando seu rosto. Começou a sentir-se menos irritado e até um pouquinho mais tranquilo e em paz. Olhou a seu redor e sentiu-se um pouquinho menos triste. Pensou no homem de branco por quem tinha passado e uma ponta de dúvida despontou em seu rosto. Aquele homem não me era estranho! Parecia alguém que já tinha encontrado e não havia muito tempo...mas quando? Estava no meio desses pensamentos quando avistou algo um pouco mais à frente, agachado próximo a uma grande árvore. Parecia uma criança brincando com alguma coisa nas mãos! Sim, era uma criança! Aproximou-se um pouquinho mais e por um breve momento, pareceu reconhecer alguém conhecido no rosto da criança! Mas talvez fosse apenas impressão! Resolveu aproximar um pouco mais, até quase encostar suas mãos no ombro do menino, que brincava animadamente com algumas pedrinhas coloridas no chão.

___ Oi! O que você faz aí, tão contente?

___ Estou brincando com meus diamantes! Eles não são lindos?

O homem achou muita graça, por que eram só pedrinhas coloridas! As crianças tem muita imaginação!

___Onde eu moro tem muitas dessas e outras coisas muito bonitas também! Quer ir até lá comigo? Não é muito longe! É no topo daquela montanha! Disse o alegre garotinho, apontando para uma grande montanha, um pouco mais à frente.

___ Seus pais sabem que você está um tanto longe de casa?

___ Eu sempre venho aqui pra vê se acho um amiguinho pra brincar comigo! Mas nunca vem ninguém! A não ser, o Senhor, hoje! Quer vir comigo até lá em casa? Tenho certeza de que meus pais irão gostar muito do Senhor! E o melhor é que já está quase na hora do jantar!

O homem hesitou por alguns momentos. Achou tudo aquilo muito estranho. Novamente aquela sensação de que o rosto do menino não lhe era estranho. Por um breve segundo achou que o menino parecia muito com o simpático velhinho que estava no início da estrada. Até poderiam  ser a mesma pessoa! Mas isso já seria demais! E agora , pensando nisso, até aquele moço de branco poderia ser algum parente desse garoto! Na verdade todos os três tinham praticamente a mesma feição! Não! Eu estou imaginado coisas! Que mal poderia ter em acompanhar esse simpático garotinho até em casa! 

O homem resolveu, então, seguir o garotinho. Este pegou em suas mãos e ambos seguiram em direção à montanha. A subida foi um tanto cansativa, mas o homem e a criança conseguiram escalá-la, com certa tranquilidade. No topo da montanha havia uma pequena cabana. Pela chaminé saía uma  fumaça cinzenta. Um leve cheiro de carvão estava no ar.

___ Meu pai já acendeu o fogão! Logo, logo  vai por o prato principal no fogo! O que estamos esperando? Vamos, meus pais estão aí dentro! Vamos entrar!

Falando isso, o garoto deu três pancadas na grande porta de madeira. Esta abriu-se. Ao olhar para dentro, o homem viu 3 pessoas em pé, junto a um grande fogão à lenha. Em cima do fogão havia uma grande panela de ferro. Uma faísca do fogão clareou um pouquinho mais o interior da cabana. Nesse mesmo momento, o homem assustou-se. Reconheceu o velhinho da estrada e o homem de branco. O terceiro habitante da cabana tinha uma rosto  que não parecia humano. Tentou voltar pra trás, mas foi atingido por um pedaço de pau na cabeça! Caiu inconsciente no chão da porta.

___ Onde nosso jantar pensa que vai? Disse a criança. Em suas mãos, um grande porrete feito de mogno.

 

 

 

                                       FIM

5 comentários:

  1. Será que vou conseguir dormir? E tinha que ser o caminho da esquerda?

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  2. Muito boa 👏🏽👏🏽👏🏽 Mostra que nem todas as vezes devemos confiar nas pessoas só pela aparência, as vezes é melhor ouvir o próprio coração. Parabéns 👏🏽👏🏽

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